Porque é que os cetáceos saltam?

O salto de uma baleia de grandes dimensões é, quase de certeza, a ação mais poderosa realizada por qualquer animal, e um golfinho a saltar, elevando-se muitos metros acima da superfície, é uma das ações mais impressionantes! No entanto, a maior parte dos saltos não são atividades imediatamente funcionais para um animal aquático, e a pergunta “Porque os cetáceos o fazem?” continua a ser apenas parcialmente respondida.

Até ao presente, os fins conhecidos para os quais os cetáceos saltam são: por brincadeira, alimentação, comunicar, viajar mais eficientemente, interagir socialmente e submergir mais fundo.

Brincar

A brincadeira é uma componente importante da vida dos cetáceos, sendo predominante nos diferentes géneros e exibida por indivíduos de todas as idades. Quando se trata das crias, que em algumas espécies começam a saltar aos 30 dias de vida, as brincadeiras podem ajudar os animais a aprender sobre objetos ou outros aspectos do ambiente ao redor. Isso oferece um meio pelo qual os animais jovens podem aprimorar as suas habilidades motoras por meio da prática, ou facilitar o desenvolvimento de habilidades de resolução de problemas, fornecendo um ambiente livre de ameaças para explorar as consequências de novos comportamentos. No caso dos adultos, o comportamento aéreo foi observado após as refeições.

Alimentação

Observações mostraram que algumas espécies de golfinhos que habitam águas relativamente pouco profundas, com uma profundidade média de 40 m nas zonas de procura de alimento, efetuam saltos para reunir cardumes perto da superfície para facilitar a sua captura. Observou-se também que algumas espécies de golfinhos que caçam à superfície saltam para capturar as suas presas.

Comunicar

As vocalizações dos golfinhos podem ser detectadas ao longo de muitos quilómetros, pelo que para evitar a sinalização indesejada de presas, predadores ou outros, algumas espécies de golfinhos também utilizam os saltos para comunicar com o seu grupo para iniciar a viagem, ou para os atrair para o local de alimentação, de forma a ajudar na alimentação cooperativa.

Viajar mais eficientemente

Os golfinhos também saltam para viajar de forma mais eficiente, devido à diferença de densidade entre o ar e a água. Como o ar é aproximadamente 800 vezes menos denso do que a água, saltar torna-se um modo de viagem mais eficiente, com velocidades mais altas em comparação com o nadar.

Interações sociais

Os golfinhos também utilizam os saltos para interagir com o seu grupo. Estas interações podem ser para socializar com os outros indivíduos, para reafirmar os limites sociais antes de uma caçada ou para efetuar confrontos.

Submergir mais fundo

Outra razão pela qual os golfinhos saltam é para aumentar a inclinação dos mergulhos, de forma a aumentar a profundidade na qual mergulham.

Quanto a velocidades, as mais elevadas registadas foram exibidas pela espécie golfinho roaz corvineiro (Tursiops truncatus), com um máximo de quase 11 m/s. Igualmente notável é a velocidade de salto atingida pelo golfinho-rotador (Stenella longirostris) que atinge os 10 m/s, ou pela baleia-de-bossa (Megaptera novaeangliae), que atinge os 9,1 m/s. Além disso, a incrível habilidade atlética de locomoção dos cetáceos durante seus saltos mais rápidos reflete o seu potencial máximo.

Escrito de blog escrito pela bióloga Lucía Abad Muñoz.

Reserve a sua experiência de Observação de Cetáceos connosco aqui.

References  / Referências

Lewis G. Halsey, & Gil Iosilevskii. (2020). The energetics of ‘airtime’: estimating swim power from breaching behaviour in fishes and cetaceans. Journal of Experimental Biology, 223. doi:10.1242/jeb.216036

Paulos R. D., Trone M., & Kuczaj  S. A. (2010). Play in Wild and Captive Cetaceans. International Journal of Comparative Psychology, 23(4), 701-722. doi:10.46867/ijcp.2010.23.04.06

David Lusseau. (2006). Why do dolphins jump? Interpreting the behavioural repertoire of bottlenose dolphins (Tursiops sp.) in Doubtful Sound, New Zealand. Behavioural Processes, 73, 257–265.

Würsig B., & Whitehead H. (2008). Aerial Behavior. Encyclopedia of Marine Mammals, 5-11. 2nd Edition. Perrin W. F., Würsig B., & Thewissen J.G.M.