Quem já fez viagens de observação de cetáceos ou é curioso sobre o assunto, já deve ter ouvido o termo “vigia”.
No tempo da baleação foram introduzidos os vigias em terra para localizar os animais que depois quem estava no mar com rápidas canoas movidas a remos conseguia chegar perto das baleias para as caçar. Os vigias davam indicações de onde estavam os animais através de foguetes que eram lançados para o ar. Muitos anos se passaram e hoje em dia os antigos postos de vigia são igualmente usados para a observação de cetáceos e os vigias comunicam via rádio para que as embarcações se possam encontrar com estes animais, apenas para desfrutarem de alguns minutos com essas criaturas incríveis no seu habitat natural.
Sendo assim, nas nossas saídas para o mar, raramente vamos “sem destino”. Temos sempre algumas orientações e coordenadas que nos levam a uma determinada área para avistarmos os animais.
Os nossos colegas vigias têm um trabalho crucial para o sucesso das nossas saídas. Desde bem cedo, de manhã, vão para os seus postos de trabalho, que se tratam de pontos bastante altos da costa e estratégicos da ilha, e vão equipados com uns binóculos muito potentes que conseguem ver a muitos quilómetros de distância. Essa distância que eles conseguem alcançar é afetada pela visibilidade, tal como nevoeiro e chuva, e pelo estado do mar, como por ondas grandes, sendo que em dias perfeitos eles conseguem avistar até 50 quilómetros de distância com os seus binóculos.
Quando entram em acção à procura de animais, ficam muito atentos, procuram por corpos à superfície da água, acontece sempre que os animais vêm à superfície respirar, e nesta altura, o que avistam assemelha-se a um spray ou repuxo de água com orientação vertical que sai pelo espiráculo dos cetáceos, o seu orifício respiratório. A altura deste spray depende do tamanho da espécie, pois quanto maior a espécie, normalmente maior é o repuxo, sendo de mais fácil observação. Quando estamos nos barcos pacientemente à espera que um animal venha à superfície respirar para o podermos avistar, pedimos aos nossos clientes para procurar por este repuxo e dizemos que se assemelha ao nosso chuveiro de casa virado ao contrário.
Para os vigias, no que toca a baleias, animais muito grandes, é mais fácil avistar a respiração do animal, pois o repuxo que veem à superfície é enorme. No caso dos golfinhos, como estes andam sempre em grupo, é mais fácil de avistar os seus movimentos na água, especialmente quando estão a nadar muito rápido e conseguem-se avistar corpos à superfície como algo espelhado.
Como podem ver, o trabalho de um vigia é algo que necessita de muita perícia. Contudo, e não tirando o mérito do seu trabalho, por vezes, eles têm algumas ajudas muito boas para avistar animais, e nós a partir do barco também! As nossas aves marinhas são muitas das vezes um grande auxílio para os nossos avistamentos e para os vigias!
Estão muitas vezes em associação com os cetáceos e gostam de ficar a sobrevoá-los. A razão principal para isso acontecer é, comida! As aves marinhas, como gaivotas, cagarros, garajaus e outros, gostam de ficar muito perto dos cetáceos, especialmente grupos de golfinhos, porque quando os golfinhos se encontram a procurar alimento, que normalmente são pequenos peixes como sardinhas e chicharros, formam uma grande bola de peixe que trazem para a superfície.
Assim sendo, já conseguimos imaginar o porquê de as aves marinhas estarem tão perto de golfinhos. Elas aproveitam-se que o peixe está tão perto da superfície para se alimentarem dele, pois têm o trabalho facilitado. É como se ambas as espécies trabalhassem em conjunto se quisermos ver pelo lado positivo de que estas não estão a roubar a comida aos golfinhos.
Sempre que os nossos vigias ou os nossos barcos avistam grandes bandos de aves marinhas é quase imperativo passar na área para confirmarmos se temos algum animal por baixo delas. Habitualmente encontramos grupos de golfinhos em alimentação, o que é ótimo porque podemos estar a avistar espécies diferentes ou diferentes comportamentos. Por vezes acontece estarmos à espera que uma baleia venha respirar à superfície e estar sempre alguma ave(s) a sobrevoar a área da baleia o que é excelente para nós, pois estes animais nadam grandes distâncias debaixo de água e poderiam trocar-nos as voltas!
Ainda bem que temos grandes ajudas para as nossas viagens!
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