Ciência: a importância do papel das mulheres
A contribuição feminina para a ciência começa muito antes de existir o Dia da Mulher e dos movimentos de revolução feminista. Contudo, a Assembleia Geral das Nações Unidas assinalou o dia 11 de fevereiro como sendo o Dia Internacional das Mulheres na ciência, criado em 2015 como forma de combater a desigualdade de géneros nas CTEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) nas instituições de ensino e de investigação.
Ao longo dos últimos anos, a comunidade global fez muitos esforços para inspirar e envolver as mulheres e raparigas na ciência, mas infelizmente, muitas continuam a ser excluídas desta área. De acordo com um estudo levado a cabo em 14 países, a probabilidade de mulheres obterem o grau de licenciatura, mestrado ou doutoramento em áreas relacionadas com a ciência é menos da metade do que se comparado com os homens.
Contudo, sabemos que muitas mulheres tiveram e ainda têm um grande impacto na área da ciência e as suas descobertas continuam a ser levadas em conta atualmente. A atuação feminina foi registada, por exemplo, na medicina em diversas civilizações antigas, sendo que o registo mais antigo de uma mulher cientista na história da ciência pertence a Merit Ptah (2.700 a.C.), no Antigo Egito.
Hildegard de Bingen (1098-1179) escreveu livros sobre botânica e medicina durante a idade média. As suas habilidades eram conhecidas e frequentemente confundidas com milagres. Se se estiverem a lembrar do asteroide 898 Hildegard, este foi batizado em homenagem a esta cientista.
Maria Gaetana Agnesi (1718-1799) que descobriu uma solução para equações que, até hoje é usada e também a primeira a ser convidada para ser professora de matemática numa universidade.
Ada Lovelace (1815-1852) foi a primeira programadora do mundo pelo seu interesse e pesquisa em motores analíticos, a ferramenta que baseou a invenção dos primeiros computadores.
Marie Curie (1867-1934) conhecida como a “mãe da Física Moderna” e pela sua pesquisa sobre a radioatividade. Foi a primeira mulher a ganhar um Nobel e a primeira pessoa a ser premiada duas vezes.
Florence Sabin (1871-1953), conhecida como “a primeira-dama da ciência americana”, que estudou os sistemas linfático e imunológico do corpo humano. Foi a primeira mulher a ganhar uma cadeira na Academia Nacional de Ciência dos EUA, e além disso, lutava pelos direitos de igualdade das mulheres.
Elizabeth Arden (1884-1966) foi quem criou as primeiras fórmulas dos produtos de beleza. Formada em enfermagem começou a sua carreira criando cremes para queimaduras, usando leite e gordura, originando a receita de um creme hidratante. Assim nasce uma das mais valiosas empresas de cosméticos da atualidade.
Nise da Silveira (1905-1999), psiquiatra renomada, lutou contra métodos de tratamento comuns na sua época, como terapias agressivas de choque. Chegou a ser presa por possuir livros marxistas.
Gertrude Bell (1918-1999) criou medicações para suavizar sintomas de doenças como SIDA, leucemia e herpes, usando métodos inovadores de pesquisa. Ganhou o prémio Nobel de medicina.
Mae Jemison (1956-atual), astronauta, médica, empreendedora e fã de Star Trek. Foi a primeira mulher negra a ir ao espaço.
Kalpana Chawla (1962- 2003), astronauta indiana que estudou engenharia aeroespacial e mudou-se para os EUA para seguir o seu sonho, apesar dos seus pais não apoiarem as suas decisões profissionais. Foi a primeira mulher indiana a ir para o espaço, e isso tornou-a famosa, inspirando muitos jovens a perseguir o sonho de ser um cientista.
Maryam Mirzakhani (1977-2017), nascida no Irã, única mulher a ganhar a Medalha Fields, o nobel da Matemática. Para chegar onde chegou, teve que pedir que a sua escola que era só para meninas, desse o mesmo conteúdo que as escolas para meninos.
Carolina Beatriz Ângelo (1878-1911), médica, ativista e sufragista foi a primeira em muita coisa. Foi a primeira mulher a operar no Hospital de São José, e a primeira mulher a votar em Portugal.
Maria de Lurdes Pintassilgo (1930-2004), conhecida por ter sido a primeira mulher a desempenhar a função de primeiro-ministro em Portugal, formou-se, em 1953, em engenharia químico-industrial, algo inédito à época.
Odette Ferreira (1925-2018) foi uma farmacêutica, professora universitária e investigadora portuguesa que integrou a equipa de cientistas que identificou um segundo tipo de vírus da sida, em 1986. Graças à sua intuição, Portugal foi colocado no mapa da investigação científica sobre o vírus que atemorizou o mundo nos anos 80.
Segundo as Nações Unidas, ciência e igualdade de géneros são vitais para alcançar a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Nos últimos 15 anos, a comunidade global tem se esforçado para inspirar e encorajar mulheres nesta área.
Em todo o mundo, as mulheres ainda representam apenas 28% dos licenciados em engenharia e 40% dos licenciados em ciência da computação e informática (ONU, News, 2021). O secretário-geral da ONU disse que “promover a igualdade de género no mundo científico e tecnológico é essencial para a construção de um futuro melhor”.
O chefe da ONU apela à comunidade internacional para garantir que as meninas têm acesso à educação que merecem e que possam ver um futuro em áreas como engenharia, programação de computadores, tecnologia em nuvem, robótica e ciências da saúde.
Após a leitura deste artigo podemos concluir que as mulheres sempre tiveram, desde muito cedo, grandes impactos na ciência e merecem um lugar igualmente merecido como todos os outros cientistas, e cabe-nos a nós e às próximas gerações mudar mentalidades para um futuro melhor!
Referências:
Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência | ONU News
Mulheres na ciência – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)
10 grandes mulheres da ciência – Revista Galileu | Ciência (globo.com)
Conheça 10 mulheres que mudaram a história da ciência mundial – Revista Galileu | Ciência (globo.com)ONU celebra primeiro Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência | ONU News
