Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Aves
Ordem: Procellariiformes
Família: Procellariidae, Leach, 1820
Espécie: C. borealis
Nome Científico: Calonectris borealis (Cory, 1881)
Quem nunca ouviu falar dos famosos cagarros? Talvez seja a ave mais conhecida pelo povo açoriano e com certeza uma das mais emblemáticas do arquipélago!
O cagarro é uma ave de porte médio que pode facilmente ser identificada pala sua coloração cinzenta-acastanhada na parte superior e branca na parte inferior. O bico é na sua totalidade amarelo. Tem um comprimento corporal de cerca de 50 cm e uma envergadura que pode atingir os 125 cm. Em relação ao peso, este pode variar entre 700 – 950g.
O cagarro pertence à ordem dos Procellariiformes que inclui várias aves marinhas tais como os albatrozes, os petreis e os painhos.
Todas as aves pertencentes a esta ordem possuem narinas tubolares que lhes permite expulsar o excesso de sal que adquiriram após a ingestão de água do mar. Demonstram hábitos pelágicos e por isso habitam o oceano aberto. As asas são compridas e estreitas minimizando assim os gastos de energia associados aos longos voos que realizam. Os dedos dos pés encontram-se unidos por mebranas interdigitais apresentando o dedo posterior pouco desenvolvido ou até mesmo inexistente. O facto de passarem a maior parte da sua vida no mar e terem as pernas localizadas mais posteriormente no corpo, torna bastante difícil efetuarem um progresso bípede bem equilibrado. São desajeitados em terra, acabando por fazer uso das asas para o auxílio da locomoção.
A capacidade destas aves de conseguirem voar praticamente sem baterem as asas depende do fato de que a velocidade do vento é sensivelmente menor perto das ondas do que nas camadas superiores. O padrão de voo é uma série de elipses amplas ganhando sustentação nas camadas superiores de ar, seguido de um movimento contra o vento para as camadas inferiores de ar com menos vento. Em seguida, elas deslizam a favor do vento ganhando impulso novamente.
O cagarro normalmente passa o Inverno no hemisfério sul maioritariamente na costa do Brasil e da África do sul.
O seu estatuto de conservação nos Açores está descrito como pouco preocupante que alberga neste momento mais de 75% da população mundial.
Estas aves começam a chegar aos Açores a partir do mês de Fevereiro do Atlântico Sul. A chegada destas aves ao arquipélago é vista como um bom presságio para os açorianos pois marca a chegada da primavera. São aves gregárias tanto em terra como no mar, beneficiando de ajuntamentos de golfinhos e atuns, conseguindo dessa forma capturar as suas presas (a pouca profundidade). Podem viver mais de 40 anos e atingem a sua maturidade sexual por volta dos 8/9 anos. Após este tempo formam casais monogâmicos sendo que o macho e a fêmea revezam-se nos cuidados parentais ficando cada um em torno de 6 a 8 dias no ninho.
O acasalamento ocorre entre os meses de Abril/Maio, e é durante o mês de Junho que se dá a postura de apenas um ovo (revelando uma baixa fecundidade) que irá demorar cerca de 1 mês a eclodir. Nidificam normalmente em cavidades e fendas nas rochas, mas também em amontoados rochosos e buracos escavados no solo.
As crias nascem com uma plumagem cinzenta que gradualmente vai sendo substituída pela plumagem de adulto até Outubro.
Os juvenis realizam o seu primeiro voo no final de Outubro/ início de Novembro.
O cagarro é uma ave que se reproduz em praticamente todas as ilhas do arquipélago dos Açores e nos arquipélagos das Berlengas e da Madeira.
Alimentam-se essencialmente de peixes pelágicos e cefalópodes.
Infelizmente os cagarros enfrentam uma grande quantidade de ameaças. Nomeadamente a introdução de mamíferos predadores nos Açores levou a que, com a excepção dos cagarros, a maior parte dos procellariiformes fossem eliminados das ilhas.
As principais ameaças que os cagarros encontram hoje em dia são:
- Destruição do habitat de nidificação
- Presença de predadores e plantas invasoras
- Atropelamento e colisão
- Poluição (incluindo a luminosa)
- Captura acidental em artes de pesca
- Captura para consumo ou isco e vandalismo
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