Já todos ouvimos falar e já todos vimos a caravela portuguesa (Figura 1), tanto na água como arrojadas na areia da praia.
Mas o que é ao certo a caravela portuguesa?
É parecida a uma alforreca, mas pertence a outro grupo de animais completamente diferente: os sifonóforos. Enquanto que as alforrecas são um único indivíduo, os sifonóforos são uma colónia.
Aos indivíduos da colónia dá-se o nome de zoóide e tal como uma colónia de formigas onde cada uma tem uma função, nos sifonóforos, também os zoóides são especializados, uns na “locomoção”, outros na digestão, outros na caça e outros na reprodução.
Todos têm que trabalhar em conjunto para que a colónia prospere e nenhum zoóide consegue sobreviver sozinho.
A maioria das espécies de sifonóforos vivem em águas profundas, no entanto a caravela portuguesa vive à superfície, indo para águas mais profundas para procurar alimento ou protecção.
Physalia physalis é o nome científico da caravela portuguesa e esta colónia é formada por quatro tipos de zoóides:
– Pneumatóforo – cria o “balão” que se vê na superfície da água e que tem a capacidade de encher ou vazar, consoante as condições meteorológicas ou a procura de alimento. Pode atingir os 9 ou 30 centímetros em tamanho;
– Dactiozoóides – formam os tentáculos, que podem ter entre 20 a 50 metros de comprimento. São o aparelho de caça, pois contém inúmeros “arpões” microscópicos de onde sai o veneno para imobilizar a presa (pequenos peixes);
– Gastrozoóides – digerem os alimentos; – Gonozóides – responsáveis pela reprodução.
Esta espécie prefere águas quentes e pode ser encontrada nos Açores, Madeira, Oceano Pacífico e Índico.
Ganharam o seu nome por fazerem lembrar as antigas naus/caravelas portuguesas que andavam a navegar pelo oceano na altura dos Descobrimentos.
Ao contrário das alforrecas que conseguem nadar, ou seja, têm a sua própria locomoção, as caravelas portuguesas dependem do vento e correntes para se deslocarem. O “balão” que se vê fora de água é o único mecanismo que permite que esta espécie se desloque na água, por acções externas como o vento e as correntes oceânicas.
O seu veneno provoca dores muito fortes, queimaduras, que podem ser de terceiro grau, e no caso de se desenvolver uma reacção alérgica muito grave, podemos sofrer de arritmias e necrose (morte) dos tecidos.
Mesmo quando estão na areia é preciso ter cuidado porque o veneno pode continuar ativo. Em caso de contacto com as caravelas na areia, eis o que deve fazer após lavar e limpar com água do mar a zona afetada:
- Aplicar compressas quentes (40º C) durante cerca de 20 minutos ou,
- Aplicar vinagre sem diluir;
- Se estiver em choque, com dificuldades em respirar ou se a dor persistir, consulte o seu médico ou farmacêutico.
Outra espécie que se assemelha à caravela portuguesa e que também pode aparecer tanto em Portugal continental como nas ilhas, é a Velella velella, de nome comum veleiro, é um pouco menos perigosa que a caravela portuguesa (Figura 3).
Se estiver interessado em conhecer mais organismos gelatinosos, visite o website do programa GelAvista: https://gelavista.ipma.pt/especies/